Entrevista - Eddie Van Halen Guitar World 2015


Entrevista traduzida da Revista Guitar World - Abril 2015. Fonte: VHND.COM
                                                                                    



Guitar World: Qual foi a motivação para lançar um álbum ao vivo neste ponto da carreira do Van Halen?

Nós percebemos que nunca tínhamos lançado um álbum ao vivo com David. Desde que gravamos um álbum de estúdio com Wolfgang tocando nele, isto foi um concenso entre nós sobre fazer um álbum ao vivo com ambos, Wolf e Dave. A outra razão foi dar às pessoas a experiência de nos ouvir tocando nossas músicas clássicas ao vivo.

Vocês gravaram outros shows também ou apenas o show de Tóquio?

Nós sempre temos um Pro Tools ligado na frente do palco e temos gravado tudo desde que começamos as turnês em 2007 quando Dave voltou para a banda. Porém nunca originalmente tivemos a idéia de colocar isso em um disco ao vivo. Nós apenas gravamos os shows para tê-los arquivados.

Nós temos muito material e ouvir cada um dos 150 shows e escolher um seria muito cansativo. Eu nem sequer ouvi os últimos shows, a não ser algumas Jams aqui e ali. Nós tocamos quase sempre as mesmas coisas a cada noite, somente mudando uma música aqui e ali. Nós tocamos basicamente os clássicos. É o que as pessoas querem ouvir.

Pelo fato das performances do Alex, Wolfgang e a minha estarem muito consistentes de uma noite para a outra, nós então deixamos para o Dave decidir isso, e ele então escolheu pegar o show de Tóquio. Tocar ao vivo é mais dificil para um vocalista. Wolfgang e eu cantamos somente os backing vocals e refrões, mas nós sabemos o quanto o vocal pode variar de uma noite para a outra. Quando a sua voz é o seu instrumento, você pode ser afetado por uma série de fatores. Se você dorme com o ar condicionado do ônibus ligado por um longo período, você pode acordar no outro dia com a voz estragada. Foi por isso que deixamos para Dave escolher.

A qualidade sonora é excelente considerando que as gravações são originalmente apenas arquivos dos seus shows.

Bob Clearmountain não estava no show de Tóquio, e nós não tivemos nenhum engenheiro de som especial nos nossos shows. Por isso que não há também o video do show em Tóquio - nós originalmente não planejamos lançar um álbum ao vivo do nosso show. Fazer um video de um concerto ao vivo requer uma grande produção. Do modo que fizemos, foi mais no improviso e no inesperado.

Bob fez uma ótima mixagem. Alex e eu ouvimos primeiro para ter certeza de que os instrumentos básicos estivessem ali, então nós deixamos ele trabalhar. Bob seguiu nos enviando as mixagens e nós dizíamos: "Isto soa muito bem para nós!" Com tanto que conseguissemos ouvir os instrumentos, para nós estava bom! (risos)

Se vocês tivessem gravado os videos dos shows, vocês provavelmente sentiriam uma pressão maior a cada noite.

Eu sinto essa pressão sempre. Toda vez que eu subo em um palco eu procuro dar a melhor performance possível. Como gravamos cada noite de show, isto não fez diferença entre uma noite ou outra. O filme poderia sim consumir muito mais tempo. Nós teríamos que dar uma olhada nas filmagens e escolher qual poderíamos usar. O fato de não termos planejado isso torna para nós isso tudo ainda mais especial.

Foi por isso que decidimos manter a gravação completamente ao vivo. Existem erros. Depois de mixado e ouvir algumas partes, nós dissemos: "Ok, eu ferrei esta parte" (risos) Mas foi como soamos naquela noite, assim nós deixamos dessa forma. É como se fosse uma fotografia daquela noite, mas sem Photoshop. Não corrigimos nada. Quando você conserta algumas partes por erros, não é mais uma experiência ao vivo.

As performances soam poderosas, o que é realmente impressionante como a banda ainda soa agressiva mesmo após 40 anos.

O Van Halen tem sido agressivo desde o primeiro dia. O lado crú da gravação adiciona ainda mais potência. Existe essa energia não controlável em nós que derrama sobre as bordas. Isto nunca soará certo ou perfeito, mas cria uma tensão. É como se disséssemos: "Ok, quem vai errar hoje?" (risos) Quando você se mantêm esperando que alguém erre, e ninguém erra, isto mantém você sentado no seu assento. É crú. É a coisa real. Se as pessoas estão esperando uma gravação perfeita de uma gravação ao vivo, bem, então não será mais o vivo.

Eu fiquei muito chateado quando eu ouvi do Andy Johns - que ele descanse em paz - aquele disco ao vivo do Cream "Crossroads (Wheels of Fire), que foi gravado de dois shows diferentes" Aquilo foi horrivel para mim. Eu pensava que era apenas um show, mas não era. Eu não sei se alguém tem lançado um álbum realmente, realmente ao vivo.

A única exceção que eu lembro foi o velho Monterey Pop Festival com o The Who e Janis Joplin, onde Hendrix queimou sua guitarra. Isto obviamente não foi planejado. Woodstock era isso também. A única coisa que odiei sobre o filme do Woodstock foi que eles fizeram tantos closes de tantas coisas que você nunca via um grande pedaço de uma banda tocando. Como em "I'm Going Home" do Ten Years After - tudo o que você vê são closes do Alvin Lee, e nunca da banda toda. Eu não gostei do modo que foi filmado.

O show que o Van Halen fez em Tóquio foi uma espécie de mistura da turnê de 2012 e da turnê de 2007-2008. Vocês tocaram algumas músicas da turnê de 2007-2008 que vocês não tocam frequentemente, pelo menos nas turnês de 2012, como a música "I1m the one".

O show de Tóquio foi um de nossos shows mais longos, porque não teve uma banda de abertura.  Isto nos fez tocar por mais ou menos duas horas e meia.

O que você lembra do show em Tóquio?

Eu lembro que foi longo! (risos) Eu estava quebrado no final daquele show. Os fãs japoneses são sempre acima do normal e sempre animados, especialmente porque agora eles estão autorizados a ficar de pé nos shows. Eles costumavam ficar muito controlados porque eram forçados a ficarem sentados, mas agora é uma loucura. Nós tocamos no "The Big Egg - O Tokyo Dome que é um estádio de Baseball. Havia alí cerca de 50 mil pessoas, era muito barulho.

É muito bom ouvir os detalhes de Wolfgang na gravação. As vezes estes detalhes são fáceis de perder quando assistimos um show ao vivo.

Nos sons clássicos, ele estabeleceu o seu próprio estilo. Ele me surpreende muito quando faz alguns licks durante a parada na "Mean Street". Ele improvisa e mesmo assim continua no groove! Ele faz isso ficar excitante.

Existe uma parte de improvisação interessante durante a "You really got me" que é longa e diferente do que a banda fazia nos shows de 2012.

As pequenas partes de Jams são as únicas partes que mudamos de uma noite para a outra. Algumas vezes tocamos "Crossroads" ou vamos direto em algo que sentimos vontade naquela noite. Podem ter havido momentos melhores, mas foi o que rolou naquela noite.

No final da música "And The Cradle Will Rock" você toca o riff da "Smoke on the Water".

Nós sempre tentamos imaginar como fazer o final dessa música. E já que estávamos no Japão, nós decidimos tocar "Smoke on the Water" do álbum Deep Purple Made in Japan. Nós achamos que seria divertido tocar naquela noite.

Porquê a banda não lançou um álbum ao vivo com Dave nos anos 70 ou 80?

Eu não sei. Nós costumávamos estar sempre na estrada constantemente, mas nunca nos ocorreu que poderíamos gravar nossos shows. Naquele tempo não havia o Pro Tools e assim não era tão fácil gravar os shows. Você teria que alugar um Mobile Truck.

As pessoas perguntam porquê nunca lançamos o resto do shows de Oakland de 1981 que gravamos em video. A razão é porque nós filmamos somente 3 músicas : "Unchained", Hear About it Later" e "So This is Love". Na realidade nós filmamos estas 3 músicas em duas noites. Na "Unchained" eu quebrei uma corda na primeira noite, e se você ver o video você pode ver que mudei de guitarra depois de alguns segundos e voltei. Nós usamos o áudio da segunda noite, assim você não pode ouvir, mas nós usamos os videos das duas noites. No final nós nunca conseguimos lançar o show inteiro de Oakland porque nós não filmamos o show inteiro.

(Matéria original em inglês, aqui)