Entrevista - Alex Van Halen
Entrevista concedida à revista 89 Rádio Rock, em Abril de 1998.
Extremamente Parecido com Sammy Hagar
por Andréa Estevam
UM SHOW PARA A IMPRENSA GRINGA MAIS UMA ENTREVISTA POR TELEFONE COM O BATERA ALEX, PRA DESCOBRIR SE OS CARAS ESTÃO MESMO CURTINDO GARY CHERONE, EX-EXTREME, NOVO VOCAL DO VAN HALEN.
Não é a primeira vez que o Van Halen troca de vocalista e talvez nem seja a última. Mas a escolha de Gary Cherone (ex-Extreme) para substituir Sammy Hagar fez muita gente torcer o nariz e tapar os ouvidos. Alguns dias antes do lançamento do CD Van Halen III, primeiro trabalho com Cherone nos vocais, a banda resolveu se jogar na toca dos leões banguelos e ofereceu um pré-lançamento para a imprensa e para crítica musical americana no Billboard Live, em Los Angeles, que antes se chamava Gazarri's e foi um dos primeiros lugares em que o Van Halen se apresentou no começo da carreira, em 78. Sentados num sofá de oncinha, os quatro integrantes - o guitarrista Eddie Van Halen, o batera Alex Van Halen, o baixista Mike Anthony e o calouro Gary - responderam às perguntas inofensivas e se limitaram a falar de amenidades. Mas o minishow que a banda fez depois da entrevista provou que a música do Van Halen continua a mesma, com a marca registrada da guitarra fuzilante de Eddie. Cherone faz sua parte direitinho, mas falta personalidade. A impressão que da é que ele passou os últimos meses treinando para cantar igualzinho a Sammy Hagar, e conseguiu. O grande lance do show - além de ser a primeira apresentação do Van Halen com a nova formação - foi o repertório que a banda oscolheu. Tirando três músicas do álbum novo (Without You, Fire in the Hole e One I Want), a banda tocou só sons antigos, todos da época de Dave Lee Roth: Dance the Night Away, Ain't Talking about Love, Unchained, Romeo's Delight e outros clássicos tirados dos três primeiros discos Van Halen, Van Halen II e Women and Children First. O Van Halen não os tocava ao vivo há um tempão porque Sarnmy Hagar não gostava de cantar músicas que tinham sido originalmente gravadas por Lee Roth. Pelo jeito, Cherone não tem as mesmas encanações e a turnê mundial que a banda engrena no próximo mês (começando pela Austrália e Nova Zelândia) promete ser um prato cheio pros fãs saudosistas.
Como você, seu irmão e o Mike fazem para continuarem
juntos?
Alex Van Halen - A fórmula, se é que ela existe,
é ter a música como fator principal, acima de tudo. Se
todos na banda não estiverem sempre em sintonia e não
tratarem a música com respeito, as coisas com certeza não
vão dar certo.
Vocês é que são os vilões e mandaram embora David Lee
Roth e Sammy Hagar?
Não, isso é o que eles dizem hoje. Nós fizemos
ótimos discos com os dois, mas eles simplesmente escolheram
sair. Sabe, esses caras têm o mesmo problema: seu ego.
Por que Gary Cherone?
O que a gente estava procurando era alguém que tivesse o mesmo
compromisso que eu, Ed e Mike temos com a música.
Sabíamos que Gary era um cantor talentoso, mas não era o
talento o que mais importava. Era importante encontrarmos alguém
que estivesse na mesma onda que nós para podermos compartilhar
idéias musicais. E Gary tem uma coisa legal, ele consegue viver
sem ser egocêntrico.
E as comparações entre Cherone e Hagar?
Sei que é fácil falar, mas não devem haver
comparações, elas não fazem sentido...
Mas a voz de Cherone em Van Halen III é igualzinha à de
Hagar...
Gary canta da maneira que ele canta e eu não acho que ele canta
como Sammy, e sim que Sammy canta como o Gary (risos). Cada um a sua
maneira, os vocalistas que já tivemos foram muito valiosos pra
banda. Quem quiser que faça comparações,
nós não precisamos fazer comparação
nenhuma.
Na internet, vários sites de fãs falam mal de Cherone e
mesmo de Hagar, alguns até são somente sobre o Dave Lee Roth. Como você vê
isso?
Todos têm o direito de ter a própria
opinião e certamente não é meu trabalho tentar
responder e explicar as coisas como as vemos a todos. Eu sei como
é estar nessa banda e toda a energia que rola em torno, a
criatividade, a música. E, para cada pessoa que passa a
não gostar da banda, vão existir provavelmente mais de
dez pessoas que vão gostar. E eu nem mesmo olho na internet. Pra
mim é uma perda de tempo. Música é algo do que
você gosta muito ou não.
Hagar não gostava de cantar velhos sons, gravados por
Lee Roth e parece que Cherone não se incomoda. Qual a sensação de tocar de novo
os velhos clásicos do Van Halen?
É verdade, Sammy não cantava as músicas antigas de
jeito nenhum, mas Gary não tem problemas com isso. Acho que
todos os nossos discos são especiais e todos os sons
também. Mas é um tesão tocar I'm the One, por
exemplo, do nosso primeiro disco, ou Running with the Devil.
Definitivamente, estamos muito felizes com esse CD. Gary entrou na
banda e rolou uma química forte que nos posslibilitou
expressarmos exatamente a que queríamos. É mais uma
página do livro que a gente vem escrevendo nessa caminhada.