Como Eddie Van Halen turbina suas guitarras


Publicado em Maio, 22, 2015 - Fonte : VHND.com




Transcrito a partir da matéria na Popular Mechanics:

O Deus da guitarra é também um inventor e detentor da patente, que passou a maior parte de 35 anos de sua vida nesta oficina, reconstruindo guitarras e amplificadores, em busca de sua assinatura sonora.  

"Eu sempre fui um fuçador. E isso vem do meu pai. Quando éramos pequenos, nós vivíamos em uma casa em Pasadena, que não tinha calçada. Você tinha que andar por um beco que ia pelo meio das quadras, por trás de todas as casas, para chegar ao seu quintal ou na garagem. Bem, o vizinho atrás de nós tinha um trailer U-Haul conectado ao seu carro e cheio de blocos de concreto. Uma noite, meu pai chegou em casa de um show às três da manhã. Ele estava um pouco agitado, tinha bebido um pouco, então ele disse: "Esta coisa está me impedindo de entrar novamente." Então ele saiu do carro e tentou movê-lo. Assim que ele levantou o trailer, o macaco caiu, e cortou-lhe o dedo fora.
Isso foi um grande problema. Além dos motivos óbvios, ele tocava clarinete e saxofone, e esse dedo fazia falta. Em um Saxofone, você não precisa selar o buraco com o dedo, pois uma válvula fecha-se sobre ele. Mas em um Clarinete, você tem que tapar o buraco com o dedo para a nota soar, então ele pegou uma tampa de válvula de um Saxofone e adaptou-a para trabalhar em seu Clarinete, somente para aquele dedo.
Outra coisa engraçada foi mais tarde em sua vida, quando ele começou a perder os dentes. Você precisa de seus dentes inferiores para fazer a embocadura. Em vez de ir ao dentista, ele mesmo fez uma prótese perfeita em forma de Teflon branco que preencheu a lacuna onde os dentes estavam faltando. Ele usava quando ele tinha que tocar. Vê-lo fazer esse tipo de coisa embutiu uma curiosidade em mim. Se algo não faz o que você precisa dele, há sempre uma maneira de poder corrigi-lo."





Fuçando nas guitarras

"Meu estilo de tocar realmente cresceu a partir do fato de que eu não podia pagar por um pedal de distorção. Eu tinha que tentar tirar os sons da minha guitarra. O primeiro trabalho real que eu fiz foi no meu quarto. Eu adicionei pickups, porque eu não gostava do som dos originais. Eu não podia comprar uma furadeira de bancada eu na verdade nem sabia o que era uma,  então comecei a martelar com uma chave de fenda para abrir o buraco no corpo. Mas isso não funciona sempre bem. Pedaços de madeira voavam e havia serragem voando por todo o lugar. Mas eu estava ali em uma missão. Eu sabia o que eu queria e eu fiquei trabalhando ali até que eu finalmente cheguei lá.
A maioria dos braços das guitarra são muito redondos na parte de trás, por isso, peguei uma lixa e reformulei o braço para ser mais plana. Na verdade, eu tive que trocar os trastes que estraguei de algumas guitarras no início, pois eu queria raspar o braço para baixo e fazer o braço ainda mais plano. Pois quanto mais plano, mais longe eu podia ir em um bend, sem me preocupar da corda sair para fora, ou asfixiar o som quando a corda atinge um traste mais alto no braço. A outra questão, com Fenders, pelo menos, foi o verniz transparente que ia colocar no braço. Quando você suar, seus dedos vão deslizar por todo o braço ou vai ficar pegajoso. Eu não podia suportar isso, então quando eu construí a minha primeira guitarra, eu usei a madeira natural. Meu próprio suor e óleo iria mergulhar na madeira para torná-lo suave. Levou um bom tempo para ficar dessa forma, mas, eventualmente, eu apenas me senti muito melhor do que algum produto sintético você poderia colocar ali.




A alavanca de trêmolo

A alavanca de trêmolo (também chamado de whammy, ponte ou trêmolo) simplesmente não mantinha a afinação da guitarra. O problema estava no traste zero (guias das cordas) no braço da guitarra. No primeiro álbum eu usei um padrão, um Fender tremolo sem trava. Mas cordas ficavam inclinadas para baixo a partir do traste zero até as tarraxas, criando uma tensão que, após a corda deslizar para trás e para frente quando usava o trêmolo, não mantinha a corda retornando ao seu ponto original. Então eu fiz o meu próprio traste zero com entalhes largos, realmente lisos e redondos como o fundo de um barco. Eu coloquei uma gota de óleo lá também, assim a corda escorregaria mais. Além disso, em vez de enrolar a corda para baixo na tarraxa, criando um ângulo e fazendo tensão, eu a subia de modo que, a partir do traste zero, em todo o caminho de volta para a ponte, a corda ficaria nivelada. Caso contrário, poderia haver tensão no traste zero que faria a guitarra desafinar quando você usasse como louco o trêmolo. O único problema que isso causou foi quando eu batia em uma corda solta, onde os dedos não estão segurando-a para baixo. Sem essa tensão, a corda poderia sair para fora da ranhura do traste zero, então eu tinha que lembrar de colocar o dedo sobre o outro lado do traste zero para manter as cordas apoiadas.

Amplificadores

Se fosse móvel, ou rotativo, ou qualquer coisa que se assemelhava algo que poderia ir para cima ou para baixo, eu com certeza iria mexer para fazer o amplificador soar mais quente. Abri o amplificador em cima e vi essa coisa. Descobri mais tarde que era um controle de Bias, que controla a potência para as válvulas de saída. E eu estava bisbilhotando, e de repente eu toquei com a mão nessa coisa enorme azul e meu Deus, foi como um soco no peito por Mike Tyson. Todo o meu corpo flexionou duramente, e ele deve ter me jogado longe uns 5 metros! Eu tinha tocado em um capacitor. Eu não sabia que eles tinham tensão.
O amplificador Marshall eu comprei na loja e trouxe para casa só funcionava bem se você aumentasse ao máximo. Qualquer volume menor você perderia a distorção. Eu precisava dessa distorção, mas era impossível tocar em qualquer lugar com o volume tão alto, então eu tentei de tudo, desde deixar uma tampa de plástico grossa na frente para abafá-lo, ou colocá-lo virado para baixo. Mas com isso eu queimava dois fusíveis por hora!

Felizmente, eu descobri o transformador Variac logo depois. Eu tinha comprado um outro amplificador Marshall, e eu não tinha idéia de que ele era na verdade um modelo europeu. Eu liguei, e eu então fiquei esperando ele aquecer e pensando: "eu fui roubado, não há nenhum som saindo!" Fiquei puto, mas voltei uma hora mais tarde para dar-lhe outra chance. Eu tinha deixado o amp ligado todo o tempo. Eu não sabia que ele foi fabricado para 220 volts, então quando eu pluguei minha guitarra, o timbre da distorção soou como um Marshall ao volume máximo, porém silencioso. Foi quando eu percebi que havia algo acontecendo com a tensão. Então eu tinha alguns dimmers de luz em casa, e eu conectei a um desses. É claro que tomei uns choques e causei uns curto-circuitos na casa inteira, então eu fui para um lugar em Pasadena e perguntei se havia algum tipo de transformador variável de tamanho industrial que me deixaria ajustar a tensão, e eles me apresentaram o Variac. É apenas um enorme dimmer de luz. Eu então o liguei para controlar a tensão do amplificador a partir daí. Que então se tornou o meu botão de volume. A partir dele eu conseguia definir a voltagem dependendo do tamanho da sala que estávamos tocando, recebendo todo esse feedback em qualquer volume.

Captadores

Minha primeira guitarra de verdade era uma Les Paul Goldtop. Eu era um fã alucinado de Eric Clapton, e eu vi fotos antigas dele tocando uma Les Paul. Exceto que suas guitarras tinham captadores humbucking, e a minha tinha os Soapbar, P-90 de bobinas individuais. 
A primeira coisa que fiz com essa guitarra foi cortá-la na parte de trás e colocar um humbucker nela. Quando estávamos fazendo shows, as pessoas diziam: "Como é que ele consegue esse som de um single?" Pickups Soapbar coil" Desde que minha mão estava cobrindo o humbucker, eles nunca percebiam que eu tinha trocado o captador.

Quando minha guitarra era preta e branca, eu cortei meu próprio escudo para cobrir os buracos do captador que eu tinha removido. Mas quando eu pintei de vermelho em cima do preto e branco, que é como ela é agora, não parecia ficar legal com esse escudo preto. Ele cobria a maior parte do trabalho de pintura. Decidi apenas tirar o interruptor e enfiá-lo no meio e colocar um captador single desligado na frente, porque eu não iria usá-lo. Eu não estava tentando enganar ninguém. A verdade é que eu não sabia como ligá-lo de volta.

O último passo real para mim foi a adição de cera de parafina no meu captador. Captadores podem gerar uma microfonia irritante e aguda, como a microfonia irritante de um feedback que você às vezes ouve quando alguém fala em um microfone. Então eu pensei que talvez o que estava acontecendo com a guitarra era que os enrolamentos da bobina vibravam. Então o que eu fiz, (e eu não tenho nenhuma idéia de onde veio essa idéia), era comprar uma placa quente e tijolos de parafina, e pegar uma lata de café da minha mãe para colocar a cera. Claro que eu arruinei um monte de captadores, porque as peças de plástico derreteram antes que eu tivesse a chance de arrancar o captador para fora. Mas, finalmente, quando eu tive a chance de realmente manter os olhos nele, assim que eu via o início do derretimento para aquecer e depois secar um pouco, eu retivava o captador da parafina. Cara, a primeira vez que eu coloquei esse captador, usando também o Variac, (e o Marshall era uma fera), e agora o captador não tinha mais aquela microfonia indesejada, essa combinação era a ideal! Esse foi o céu para mim. Quando todas essas coisas funcionaram juntas, era algo como: "Ok, eu estou ficando louco com a whammy bar, eu tenho o meu Marshall com o Variac, ninguém me segura agora!"

As patentes de Eddie Van Halen
(Ele tinha três. Uma expirou no início deste ano. Duas permanecem)

Patente EUA # 388117. Travas nas cordas: Colocar as travas nos lados opostos da guitarra ajuda a segurar a tensão das cordas. Ela também elimina a necessidade de guias de cordas, guias que poderiam dificultar a substituição de cordas.

US Patent # 4656917. Apoio do instrumento musical: Um suporte que oscila para baixo na parte de trás da guitarra, apoiando-o em um ângulo de 90 graus do seu corpo para deixá-lo tocar o instrumento como uma guitarra de colo.



Como tocar como Eddie
(Ou, pelo menos, parecer um pouco mais com ele quando você tocar.)

Eddie começou a fabricar seu próprio equipamento, em 2007, sob a marca EVH Gear. Seu mais novo lançamento, a guitarra Wolfgang WG Padrão, sairá na primavera. Com o nome do filho de Eddie Van Halen, a guitarra de lançamento é feita de basswood extremamente leve e porosa, fornecendo a ressonância perfeita para os músicos que são exigentes sobre os agudos e fade. O braço é de maple, com um acabamento acetinado deliberadamente mínimo. "Quanto mais porosa a madeira, mais tom você vai conseguir", diz Van Halen. "Minhas guitarras não estão fechadas, de modo que respiram. A seiva pode escapar, permitindo que a madeira envelheça." Se você tocar o suficiente para realmente judiá-la, especialmente com a Floyd Rose com travas na ponte as cordas e no corpo em dois lugares em vez de apenas um, mantêm a guitarra afinada, mesmo quando você usa exaustivamente o trêmolo, ou bends agudos no final da música, você sabe que ela estará afinada.